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segunda-feira, março 07, 2011

Slow Food + Manifesto de uma coprodutora indignada!

O movimento Slow Food surgiu em 1986, com o italiano Carlo Petrini que se indgnou ao perceber que as técnicas tradicionais de culinária de diversas regiões e alimentos regionais estavam se perdendo e dando lugar ao McDonald's e alimentos importados padronizados e sem sabor.
As diretrizes desse movimento são resgatar o prazer em preparar a própria comida e consumir alimentos BONS, LIMPOS e JUSTOS.
O conceito de BOM no caso é relativo, pois o que pode ser bom pra mim aqui ño Brasil, na Região Sudeste pode não ser bom (e provavelmente não será) para uma pessoa que mora em Dubai. Mas o alimento bom é aquele que você sabe da onde veio, tem gosto (ou como o próprio Petrini escreve em seu livro "características organolépticas superiores" que são valorizadas na hora de seu preparo*).
LIMPO é o alimento cultivado de modo orgânico e o tempo da natureza é respeitado; o transporte para chegar até os consumidores também deve ser o menos poluente possível.
JUSTO: os pequenos produtores locais são valorizados e respeitados pelos seus cultivares.
Um dos objetivos do movimento é fazer-nos perceber que também somos parte da cadeia de produção da comida, somos coprodutores. Sendo assim, comer é o primeiro ato político que você exerce por meio das suas escolhas, pois envolve questões socioeconômicas, culturais e até mesmo religiosas.

*Para saber mais, leia: SLOW FOOD -princípios da nova gastronomia

Dito isso, agora posso expressar toda a minha indignação quando vou ao supermercado. Antes, quando era mais ingênua, ir ao supermercado me deixava muito feliz, não que hoje eu desgoste, ainda me traz certo prazer, mas quando caminho por entre os corredores ou pelas bancas de hortifruti, sinto vontade de... CHORAR!!!!
Tudo que vejo são caixinhas, embalagens coloridas, latas, etc, etc, etc (penso em produção de lixo, lixo, lixo e mais lixo, eu mal acabei de levar meus recicláveis aos postos de coleta e quando chego do mercado, já encho as sacoles de plático, papel e metal novamente)... ok, podem até tornar a vida dos donos de casa mais fácil, mas ao mesmo tempo, acredito, afastam-nos dessa relação milenar homem-alimento. Afastam-nos do poder tocar, sentir o cheiro, a consistência, do prazer em preparar, ver a transformação da matéria "bruta" ali na sua frente, e com um toque de carne e temperos (que pode ser canela - ver "O tempero da vida"), ver aquela massa aparentemente disforme tornar-se uma almôndega, um bolo, um rocambole ou o que quer quer seja...

E quando passo nos hortifrutis, baldes de lágrimas!!!! Cadê os vários tipos de tomate além do comum (débora, cereja, etc, etc)??!?!? As várias abóboras (até vou colocar a foto das abóboras de novo para ilustrar quantos tipos existem e não vemos nem a metade no mercado)...
... cadê os pepinos tortos que só porque são tortos são ignorados e isso é um absurdo!!! Eu quero diversidade e sabor!!! Não quero pepinos/abóboras/tomates do mesmo tamanho e aguados, cultivados com agrotóxicos, isso não é natural!!!
Onde estão as frutas brasileiras araçá, araçá-boi, abricó, maracujá nativo, amora do mato, buriti, etc?!?!?!. Eu nunca comi um araçá ou um buriti, mas eu sei muito bem qual é o gosto de uma laranja e um blueberry! Isso é outro absurdo!!!
Quero conhecer o gosto e a textura dos alimentos brasileiros, quero conhecer quem os produz e respeitá-los, quero receber a cesta do produtor em casa, quero minimizar os desperdícios de alimento, quero alimentos BONS, LIMPOS E JUSTOS!!!

4 comentários:

S&M disse...

Justo. A primeira coisa que me vem a mente.
Vamos fazer oficina com os alimentos exoticos? A segunda coisa que me vem a mente.

Jonni disse...

E o pior é que tudo leva a crer que este é um caminho sem volta. Como tanto o homem quanto a mulher trabalham fora na sociedade atual, não há tempo para preparar alimentos da forma como era antigamente. Quem é que quer chegar em casa depois de um dia cansativo de trabalho e ficar horas na cozinha?

Jussan disse...

Comidas tradicionais são as melhores, mas infelizmente são pouco divulgadas abrindo espaços para "novas tendências". Eu que sou do centro-oeste sinto mta falta das não só comidas mas sim culturas que em mim estão enraizadas.
ps: nunca vih um pepino torto haha

Unknown disse...

hahaha concordo com seu texto. Afinal de contas, comer é uma arte.