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segunda-feira, setembro 12, 2011

Pode gostar do jeito que quiser

Olhando a janela fechada (às vezes fica aberta, mas por conta do frio decidiu deixar assim e imaginar a paisagem por meio dos sons externos), lembra-se daquele dia, daquelas breves horas... Na verdade, não foram tão breves assim. Mas é o que dizem, quando se está feliz o dia passa rápido...
Antes de contar o meio, agora começo pelo fim: sentia um vazio, insegurança e incerteza... sei que isso incomoda, mas dessa vez incomodava de um jeito como nunca havia sentido antes. É um sofrimento que dá certo prazer, pensou. É como aquela dor aguda com a qual se acostuma por sempre estar ali, mas se prestar atenção incomoda... 
Seu pensamento flutuava, suas divagações são fantasias quase irreais. Ahhh, como queria que fossem verdade, como queria... 
Suas memórias são invadidas por aqueles olhos, o sorriso, o beijo, a sensação daqueles cabelos macios entre seus dedos e aquela cabeça apoiada em seu colo... compartilhamento de novidades, angústias, sonhos... algumas preocupações, mas naquele momento quase esquecidas e sem importância. Até a divisão de pratos, elaborados às vezes de improviso e mesmo assim bem sucedidos, feita de maneira cuidadosa e especial e lembra-se da satisfação com a qual os consumiam (não podia faltar a coisa da comensalidade) e se consumiam depois em carícias.
Gostaria de dizer tantas coisas olhando naqueles olhos, contudo saem apenas reticências... dos dois lados. gostaria de ouvir tantas coisas...
Seria esta a hora certa? E o medo de não ser nada daquilo? Medo de assustar e perder?
Porém, ouviu que algumas montanhas precisam ser escaladas, às vezes se chega ao topo, às vezes se despenca de lá de cima e é necessário uma vida (nem que seja a vida de uma mosca de fruta) para se recuperar das escoriações. Experiências que precisam ser sentidas.
Voltando ao incômodo, quase não aguenta mais pensar naqueles momentos, pois são tudo no que pode se agarrar. Ouve músicas como terapia, mas nem isso funciona mais... Talvez esteja se divertindo e se conhecendo e reconhecendo esse tipo de dor. Divertimento estranho... de certa forma, masoquista...
Disse uma vez "Só não vai gostar de mim" [pra não sofrer depois], teria completado; ficou implícito.
Agora se contorce pensando "Pode gostar de mim do jeito que quiser" e espera que essas palavras cheguem até aqueles ouvidos... ha, quase impossível, quase um milagre, apenas com a geração de um campo de improbabilidade infinita.
Já tentou dar sinais, mas tem quase certeza que não foram captados, apenas naqueles momentos e depois nada... 
Enquanto isso a sua inquietação e aquele sumiço andam de mãos dadas pelas ruas.
Queria saber se não estão fadados ao fracasso...
Adoraria ouvir que não estão fadados ao fracasso.


Pôr-do-sol 12/08/2011





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